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Tenha as teorias da composição bem afiadas.


É na fotografia de paisagem que a teoria da composição tem seu poder realmente levado a sério. Costumo cometer a ousadia de dizer que uma foto não muito relevante, que cairia na categoria de "mero registro", pode ser salva, entre outras coisas, por uma boa composição (e uma boa luz, é bem verdade). Então ter alguma intimidade com as regras é fundamental, inclusive para quebra-las. Como o assunto é extenso, optei por uma introdução textual superficial e referenciar o assunto com muitas imagens com intervenções didáticas. Na minha opinião, composição de imagens tem um que de pessoalidade muito forte. Apesar de uma base teórica comum à todos, o que funciona e é explorado por mim, pode não ser explorado por você. A frase eternizada pelo Sebastião Salgado de que "você não fotografa com a sua câmera e sim com toda a sua cultura", para mim, toca muito no que se refere a composição. Ela, junta com outras ferramentas fotográficas, tem a capacidade de, a longo prazo, ditar a sua assinatura poética.


Falando da parte prática, a base de tudo, Fibonacci que me perdoe a heresia didática, é traçar um jogo da velha em sua imagem e usar suas linhas e interseções como orientação para trabalhar a composição, explorando os pontos áureos, as linhas de interesse e as diagonais.


>>A partir daqui, por favor, imagine as imagens sempre com o jogo da velha inserido nela.<<


Por exemplo, em uma fotografia de paisagem aonde o horizonte caia na linha horizontal superior, um destaque maior é dado a parte de baixo do horizonte, ou seja, a terra.

Em uma fotografia de paisagem em que o horizonte é posicionado na linha horizontal inferior, um destaque maior é dado a parte de cima do horizonte. Ou seja, ao céu.

Essa simple atitude de posicionar o horizonte para dar ênfase em alguma coisa, deixa sua imagem visualmente mais harmônica para quem a “lê”. Pode parecer simplório ou até mesmo abstrato, mas a medida que começarem a ver mais e mais imagens de grandes fotógrafos e principalmente pintores, tudo isso vai se tornando mais intuitivo. E obviamente a prática andando junto. Quanto mais se pratica, mais fácil a teoria fica.

Pontos áureos ou Pontos de Ouro, citados acima, são os pontos aonde as linhas se tocam. Essas 4 regiões são altamente interessantes no que se refere a composição de imagens e devem ser exploradas. A inserção de elementos de interesse ali, preferencialmente em oposição diagonal, é muito bem vinda. Essa diagonal leva o olhar do espectador a percorrer toda a informação visual.


Em virtude de nosso cérebro ocidental ser treinado para ver as coisas da esquerda para direita, de baixo para cima, essa diagonal ganha uma relevância maior quando feita da esquerda para direita, de cima para baixo, como na imagem a seguir.



Atualmente muitas câmeras vem com esse grid incorporado ao viewfinder. Caso a sua não venha, veja se não existe a opção de troca-lo fisicamente. Trocar o espelho da câmera por um com o grid. Não custa caro e acredite, você mesmo pode fazer. É necessário um pouquinho de coragem mas é fácil fácil. Também é muito provável que esse grid exista eletronicamente ao usar o liveview ou no próprio viewfinder eletrônico se a sua câmera é uma mirrorless. Sendo eletrônico, deve existir inclusive mais de uma configuração de linhas de orientação. 



Sempre que possível, o horizonte não deverá ser colocado no meio da cena, sem dar destaque a nada. O “sempre que possível” cabe aqui pois muitas vezes pode-se abrir mão de um artifício em virtude de outro, ou simplesmente não se querer conscientemente SEGUIR AS REGRAS, sem que isso provoque uma hecatombe nuclear! Um urso panda não se suicidará caso isso aconteça. Dúvide de quem fala "nunca faça isso" ou "sempre faça isso" quando estamos falando de arte. Na imagem acima, EU QUERO não pegar a faixa de areia com pessoas para dar a sensação do casal sozinho na praia e EU QUERO que o (morro) Dois Irmãos tivesse mais destaque caindo no ponto de ouro em equilíbrio (oposição ao casal). Com isso, horizonte caiu no meio. Ok. Vida que segue, desde que isso seja consciente. Você mandando no seu equipamento e não o contrário.


Composição se aprende muito em sala de aula, muito em livros, muito em filmes mas principalmente, ela é lapidada vendo, vendo, vendo e revendo trabalhos de grandes artistas, principalmente os grandes pintores. Costumo dizer que um pintor pode brincar de Deus por ter o livre arbítrio de colocar o que ele quiser, aonde ele quiser. Ele cria a realidade do que será pintado (assim como a galera da computação gráfica, que eu sou fã). E ainda assim, conforme tomamos intimidade com os trabalhos de grandes pintores (ou dos estúdios Disney, ou da Pixar...) começamos a notar as regras da composição acompanhando cada pincelada (ou renderizada). Começamos a ver que cada elemento tem uma razão de estar aonde está... em relação ao fundo, em relação ao quadro geral, em relação a outros elementos presentes na imagem. Isso é a boa e velha composição!


Abaixo um outro caso de "nunca/sempre"... "NUNCA coloque o assunto principal no meio da imagem, SEMPRE coloque-o no ponto áureo". Não caia nessa. Fuja de quem fala isso. Está consciente do que está fazendo? Está com o "eu quero assim" alinhado? Então se joga. Assuma o controle! E veja bem que em nenhum momento eu estou falando de certo ou errado. Você possivelmente pode estar fazendo algo errado. Você pode olhar para a sua imagem que fez com o "eu quero" super ligado e, principalmente daqui a um tempo, achar uma merda. Sua composição pode não ser a melhor do mundo naquela imagem... mas isso você irá corrigir com o tempo, a medida que ouse mais, que assimile mais imagens em sua biblioteca cerebral, que aumente seu repertório. A medida que a composição de imagens seja algo mais intuitivo. Não engesse seu olhar ao mesmo tempo que nunca desligue seu senso crítico em relação as suas próprias imagens.


Chamo a atenção também que na fotografia nada é absolutamente isolado. Nenhuma técnica começa e termina em si. Tudo é sobreposto e interconectado. Repare que o assunto abordado no item anterior (crie tridimensionalidade) estará presente ao falarmos de composição. Composição e tridemensionalidade estará persente ao falarmos de profunidade de campo... Composição, Tridimensionalidade e profundidade de campo estará presente ao falarmos sobre humanizar/escala. E por ai vai ao longo de todo o #EbookFodaseaPaisagem.


Boas fotos,





 

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Muito bom Flávio! Ótimo artigo.

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