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F8 and Be There - Parte 1

Atualizado: 18 de jun. de 2024

Frase célebre do fotógrafo Arthur "Weegee" Feeling e mantra para muitos documentaristas (entenda fotojornalistas e fotógrafos de rua), foi aqui adaptada para os fotógrafos de paisagem. E, apesar de debatermos especificamente sobre abertura no texto mais abaixo, essa é uma expressão filosófica, aberta, interpretativa, conceitual... Não é literal. Ela aborda dois aspectos: um técnico e um mais motivacional. Falaremos nessa postagem do técnico.

Qualquer espectador, diante de qualquer imagem, busca a nitidez. É involuntário. Fisiológico. Antes que Robert Capa se revire no túmulo, isso não quer dizer que a imagem precisa ser absolutamente cristalina, mas é interessante entender esse comportamento para explora-lo. Um exemplo é o foco seletivo. Uma boa técnica de composição que explora esse "comportamento", para levar o olhar do espectador direto ao ponto de interesse, mas que raramente é usada para paisagem (a não ser que você seja o Claudio Edinger). Em paisagens, buscamos nitidez em todos os planos da nossa imagem uma vez que é o que normalmente esperamos ao contemplar um cenário desses.


Puxando lá do básico: diafragma bem aberto (f2.8), pouca profundidade de campo (fundo desfocado); diafragma bem fechado (f22), muita profundidade de campo (tudo em foco).


"Opa, então fechamos tudo em f/22 e mandamos ver, certo?" Não! Eu (ênfase no eu) não faço isso a não ser que seja realmente necessário a profundidade de campo gerada pelo diafragma em f/22 (ou sua consequente baixa velocidade). Aqui entra o famoso "eu quero". Quem me conhece com mais intimidade sabe desse "eu quero". Se EU QUERO foco desde a pedrinha que está a um metro de mim até o infinito, ou se eu quero uma velocidade baixa que só consigo com f22, então é f22 que eu vou usar. Mas na grande maioria das vezes uso f/8, quando muito fechado, f16. e explico o motivo.


Vamos partir do princípio que estaremos usando, para paisagens, lentes grande angulares. Vamos pegar o exemplo de uma 24mm em full frame e pensar em paisagens extensas, como a fotografia de mirantes, onde o objeto mais próximo de mim que eu quero em foco esteja a no mínimo 20 metros. Normalmente é muito mais...


Usando uma calculadora de profundidade de campo fornecida pelo aplicativo PhotoPills, temos...

Repare que para uma câmera full frame, em 24mm, usando f8, focando o assunto a 20 metros, já tenho nitidez de 2,15m até o infinito. Usando a distância hiperfocal (focando a pouco mais de 2,42m), ja tenho foco à partir de 1,21m. Ou seja, com f8, tudo que me interessa na imagem, estará em foco.

Então porque não usar f22 e continuar tendo tudo em foco? Essa resposta tem menos a ver com a baixa velocidade gerada (que pode ser ótimo) e mais a ver com o fato de quanto menor a abertura, maior a difração, um defeito ótico inerente as câmeras fotográficas mas que é potencializado pelas menores aberturas.


Falando isso com a elegância de um mestre, Ansel Adams, em " A Câmera", diz que...

"Ao passar por um orifício de bordas definidas (como as lâminas do diafragma de uma objetiva), a luz apresenta a propriedade de "curvar-se" ligeiramente em torno da borda, efeito conhecido como difração. Na prática fotográfica esse efeito é importante somente nas aberturas menores: ao passar pelas lâminas da abertura, a luz fica ligeiramente espalhada e difusa, causando uma redução na nitidez da imagem. Como nas aberturas pequenas existe maior proporção de luz difratada em relação a luz total que forma a imagem, a difração explica a ligeira perda de qualidade na imagem nas aberturas menores. O fotógrafo deve estar ciente desse feito porque, com a difração causando certa perda de nitidez nas aberturas pequenas e certas aberrações degradando a qualidade da imagem das aberturas grandes, a objetiva proporciona a melhor qualidade de imagem em algum ponto próximo da abertura intermediária. Se necessário, faça teste para determinar a qualidade ideal"

Em resumo: a grande profundidade de campo gerada pelas pequenas aberturas, traz junto uma perda de nitidez. 

F8 me dá, na grande maioria das vezes, tudo em foco, com uma menor perda de nitidez por defeitos óticos quando comparada com outras aberturas, maiores ou menores. Mas, observação pessoal, se o que preciso para a foto que planejei ("eu quero") é uma abertura maior ou menor, use-a! Domine seu equipamento e não o contrário!


boas fotos,







E se quiser colocar tudo isso a prova, em uma das cidades mais fotogênicas do planeta, com segurança, planejamento e um roteiro cuidadosamente organizado por quem domina essas paisagens à mais de 20 anos, clique na foto abaixo e se encante.


 
 
 

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